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segunda-feira, 24 de março de 2008

sobre rotina

Ultimamente uma sede por leituras me toma a mente, sempre que me pego distraída. Quero ler tudo, e todos. Ler cada momento, cada olhar, cada faceta dessa vidinha ora mágica, ora traiçoeira. Os livros, como os quero devorar sem medo, sem repreender-me. Mas a minha razão, triste razão, não permite que eu largue tudo o que me mantém ligada ao mundo ao qual me relaciono. As tarefas, malditas tarefas. Provas, provam o quê? Provam somente o quanto eu deixei de fazer o que quero para me dedicar a coisas que talvez eu nunca mais utilize. Oras, eu dizendo isso? Justo eu, quem tem estudado assiduamente? Pois é, José. Vou indo correndo buscar meu lugar no futuro (e você?). Mas isso são outros quinhentos.
Perdi-me em devaneios. Perder. Perder-se em cabelos, cheiros, curvas, pêlos, mãos, olhares, abraços. Intensidade, que falta ela me faz. Acordar, ir à aula, prestar atenção, conversar, voltar para casa. Nada de diferente. Nada de novo. Eu, sempre apaixonada pela rotina, me canso dela tempo em tempo. Não reclamo. Gosto de acordar, ir à aula, prestar atenção, conversar e voltar para casa. Mas falta algo. Alguém (ele). Não, não é ele quem me falta. É alguém que faça o que ele fazia, faça o que ele fazia maravilhosamente bem.
E não há nada mais verdadeiro que isto (embora eu o quisesse citar no post que eu prometi dedicar ao amor... Tanto faz.):
Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a idéia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma idéia nossa.
Fernando Pessoa
E aqui me despeço, cansada de muitas coisas. Acredito que o que me mantém respirando é essa raiva tamanha que me consome dia após dia. Como é bom... Depois volto.

segunda-feira, 17 de março de 2008

sobre a ausência

(...) Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade.
Vinicius de Moraes - Soneto de Contrição
Nunca descordei tanto do poetinha vagabundo como descordo agora (e que fique bem claro, até ontem eu ainda concordava). Pode-se dizer que se não há ausência não há presença, mas pombas, como a ausência dói. Fica aquele vazio que te consome e corrói, entra pela sua corrente sanguínea e dilui tudo o que te mantém respirando...
Só o que se sabe é da sede pelo cheiro, pelo toque, pelo hálito, pelo êxtase já antes sentido. Tudo conspira para que a ausência se faça presente, tudo colabora com a sua angústia, ainda mais quando não se tem ninguém. Acompanhada, pensa-se em qualquer outra coisa. Às vezes, se está muito ocupada até para pensar. Mas quando todos se vão, tudo aquilo volta. O quanto você está sozinha, o quanto aquilo tudo te faz falta, e o quanto você é indubitavelmente idiota por ainda pensar nele.
Estou tão cansada... Nunca estive mais sozinha, nunca. E ainda todas as coisas aqui em casa.
Será que volto? Uma ótima noite.