Caos. É assim que tudo se resume no momento. E, diga-se de passagem, nunca me senti mais sozinha do que me sinto hoje. Não me sinto, estou. Não exatamente, totalmente. Mas quase. E este quase é preocupante. Apesar disto, estou bem. É. Bem. Não maravilhosa e super feliz, mas vou levando. Vou levando bem.
Só o que sinto falta, na verdade, é de emoção. De adrenalina, de tudo que eu tinha (que, não sejamos hipócritas, eu aproveitei bastante e dei muito valor). E é estranho pensar que se eu tivesse trocado um simples artugo eu estaria me referindo a ele e tudo o que ele implica (ou implicava). Engraçada essa Gramática, né? Aliás, venho pensando um pouco demais em Gramática (não perguntem).
Mas, voltando à emoção, é difícil explicar. Na verdade nem há necessidade, certo? Este é um dos únicos momentos da minha vida ordinária em que eu não sei do que preciso. Eu poderia até dar o meu parecer sobre isso, mas soaria insano. E é esta insanidade que me intriga, me apetece. A imprecisão da nossa capacidade de descrever sentimentos é enorme, nossa.
Bem, se fosse para eu dizer, eu diria que preciso dos cheiros. E das vozes, dos cabelos mau-penteados e das manias. Todas. Das poesias e das análises, e dos abraços (que devem ser bons). Mas eu sei que eu não preciso disso. Não eu. Sei que o meu lado infantil psicologicamente grita por alguma coisa que satisfaça as minhas carências, ele é quem precisa. Quanto à mim, não sei. A mente humana é primordialmente uma obra de arte. Como me fez isso?
PS: E, só para ajudar um pouco, o chico passou a controlar minhas necessidades glicêmicas e o meu humor, que já não era dos melhores.
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva marcada a frio, e ferro e fogo em carne viva.
Chico Buarque - Tatuagem